sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Exultação


Exultação
Por: Suely Aparecida Schraner

Exultais povo de São Paulo que habitas na capital. Exultais e fotografais todo o brilho e parafernália da avenida mais famosa, com seus carros “bibelôs de asfalto”.
Árvores a competir em tamanho e grandeza vos contemplarão do alto dos seus patrocinadores. Tudo o que reluz é ouro? Ouvireis jingle e buzinas a cada esquina. Exultais. É chegada hora da messe e aquisições por impulso. Xing Ling ou não, os sinos badalam em sua glória.

Exultais ainda que sejais contristados por várias provações no trânsito caótico, sob um sol incandescente. Um rebanho a clamar pelo tempo que se foi e pelo ano que já vem. A luz emoldurará as cãs e a neve da decoração surreal refrescará toda alma natalina. 
A falta de bois, jumentos, reis ou incenso será compensada com lojas abarrotadas e apelo irresistível. Não reduzireis o consumo. Não reutilizareis as embalagens. Não reciclareis os resíduos. Não recusareis o que não é necessário. Entretanto, repensais  esta atitude e sereis perdoados de todo egoísmo praticado no ano que se vai.
Os fogos espocando e suas luzes, como idéias reluzentes, acalentarão corações e mentes. Exultais e também orais. Com o advento da temporada das chuvas e das enchentes, virão escorregamentos. Na São Paulo de inundações, o medo das bactérias da urina do rato, será ofuscado pelo brilho incontido das luzinhas multicoloridas.
Exultais que por ora, prevalece o espírito natalino. Exultais que neste advento, as doações são mais generosas e os sentimentos mais fraternos. Exultais que é tempo de celebrar. 
Exultais e orais, para que o festim pantagruélico, não corroa o fígado cansado de guerra. Orais para que se precisar, os doutores estejam lúcidos e não transformem seu diagnóstico em simples virose. 

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