domingo, 28 de agosto de 2011

O Protocolo antiprivataria do Dr. Laredo



Publicado na Folha de São Paulo por Helio Gaspari:
“Uma estatística e um incidente expuseram a extensão do ataque da privataria dos planos de saúde contra a rede pública do SUS.
O repórter Antônio Gois mostrou que o mercado das operadoras cresceu 9% entre março de 2010 e março deste ano, incorporando 4 milhões de novos clientes. O faturamento das empresas aumentou em torno de 20%.
Já o número de leitos oferecidos à freguesia cresceu apenas 3%. Basta fazer a conta para que surja a pergunta: para onde vão os clientes dos planos privados? Para a rede pública.
Está em curso um processo de apropriação do bem coletivo pelos interesses privados. Essa tendência se agrava quando se vê que as operadoras oferecem planos baratinhos, sabendo que não podem honrar os serviços que oferecem.
Plano de saúde individual que cobra menos de R$ 500 por mês é administrado por apostadores ou faz os fregueses de bobos.
Em hospitais públicos como o Incor e o das Clínicas de São Paulo já existem duas portas, uma para o SUS e outra para os planos. (Quando o Incor quebrou, tentou se internar no CTI financeiro da Viúva do SUS.) O governador Geraldo Alckmin quer privatizar 40% das unidades administradas por organizações sociais.
Na Santa Casa de Sertãozinho (SP), instituição filantrópica que, legitimamente, atende tanto ao SUS quanto aos convênios, deu-se um episódio que pode servir de lição e exemplo.
O médico Paulo Laredo Pinto atendia um paciente de 55 anos, diabético, obeso e hipertenso (como a doutora Dilma), internado há dias.
Ele sentiu dores no peito, e Laredo, cirurgião vascular, diagnosticou um processo de infarto: ‘Ele podia morrer se ficasse mais cinco minutos na enfermaria’.
Diante do quadro, pediu a transferência do paciente para o CTI. Nem pensar. O homem era do SUS e, mesmo havendo vaga no Centro de Terapia Intensiva, estava à espera de algum paciente dos planos privados.
Com o apoio de dois colegas, desconsiderou a negativa e transferiu o doente. Fez mais: chamou a polícia: ‘Registrei um boletim de preservação de direito. Existe o crime de omissão de socorro. O leito não é de ninguém, é de quem precisa’.
O paciente ficou no CTI e, dias depois, seu quadro era estável. Pelo protocolo da privataria, talvez estivesse morto.
Se os médicos começarem a chamar a PM, as coisas ficarão claras. Um caso de polícia, caso de polícia será.

Gente (nada) fina


Diferentes experimentos mostram que humanos 'normais' mentem com frequência, podem ser enganados pelas aparências e, quando estimulados, são capazes até de torturar

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

O homem é bom ou mau? A pergunta, que mobilizou legiões de filósofos e teólogos, é traiçoeira e induz uma resposta categórica.
Somos capazes de fazer coisas boas e más. O balanço depende das nossas disposições naturais como da situação em que estamos.
Esta página traz sete experimentos que pintam um quadro pouco lisonjeiro da natureza humana. Se tomados pelo valor de face, concluiremos que somos torturadores, mentirosos e incapazes de ver o óbvio. Mas para um quadro completo, vale lembrar que também somos altruístas e capazes de gestos de amor desinteressado.

1
Poder e abuso
O que importa é o caráter, certo? Talvez não. Em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo queria descobrir se traços de personalidade de prisioneiros e guardas explicavam situações abusivas nas cadeias. Ele criou um simulacro de xadrez com 24 voluntários. Parte do grupo ficou com o papel de guarda, e o restante, com o de prisioneiro. Rapidamente as coisas saíram de controle e os guardas mostraram-se cada vez mais cruéis. Ou seja: o comportamento dos participantes foi ditado pela situação em que estavam.

2
Psicólogos insanos
Conseguimos distinguir a sanidade da insanidade? Num experimento de 1973, o psicólogo David Rosenham e sete associados foram a hospitais psiquiátricos queixando-se de ouvir vozes. Sete deles foram internados com diagnóstico de esquizofrenia. O oitavo, segundo os médicos, sofria do que hoje é chamado de transtorno bipolar. Eles passaram então a agir normalmente, dizendo que as vozes tinham sumido. Mas sair foi mais difícil: a média de estadia foi de 19 dias. "Não conseguimos distinguir os sãos dos insanos", concluiu o pesquisador.

3
O gorila invisível
Nosso cérebro também prega peças. Um experimento de 1999 traduz isso com bom humor. Psicólogos fizeram um vídeo no qual seis pessoas (três com camisetas brancas, e três, pretas) trocam passes com bolas de basquete. Participantes da pesquisa são instruídos a contar os passes do pessoal de branco ao ver o vídeo. A uma altura, um sujeito fantasiado de gorila entra em cena por noves segundos. Metade das cobaias não veem o símio.

4
Professor Fox
O importante é ter conteúdo. Outra balela: aparências são mais importantes. Em meados dos anos 70, psicólogos da Universidade da Califórnia criaram o Dr. Myron L. Fox. Ele era uma fraude. Para representá-lo, contrataram um ator charmoso que deu uma aula sobre "teoria dos jogos matemática aplicada à educação física". A aula não passava de um amontoado de bobagens sem sentido, com frases de duplo sentido e contradições. A plateia, composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, adorou. Ao avaliá-lo, deu-lhe notas muito positivas.

5
Tortura estimulada
Quando a situação o exige, pessoas normais são capazes de coisas terríveis. Em 1963, Stanley Milgram, da Universidade Yale, descreveu experimentos nos quais voluntários são convidados a aplicar choques elétricos num ator como punição por respostas errada num teste de memória. O voluntário não sabe que o homem é um ator e que a máquina de choque é falsa. Quando instados pelo pesquisador a aumentar a voltagem dos choques, 65% obedeceram até chegar à carga máxima, apesar dos gritos do ator.

6
Política 'emocional'
Ao decidir o voto, colocamos a razão a serviço de nossos interesses. Esqueça. O psicólogo Drew Westen colocou 15 eleitores do Partido Republicano e 15 do Partido Democrata num aparelho que monitorava a atividade de seus cérebros enquanto seus candidatos do coração apareciam em situações fictícias desfavoráveis. Ele viu que os circuitos envolvidos no raciocínio lógico quase não foram ativados durante o experimento e os participantes relativizaram as situações negativas dos candidatos.

7
Pegos na mentira
A honestidade, pelo menos, continua sendo um valor. Será? O psicólogo Robert Feldman gravou secretamente várias conversações entre duas pessoas em ambientes como lojas e universidade. Depois, as convidou a revisar o vídeo, apontando as "inexatidões" em que haviam incorrido. Os participantes não sabiam que o pesquisador estava interessado em mentiras. A conclusão de Feldman é que, em uma conversa de dez minutos em que dois adultos se apresentam, eles mentem uma média de três vezes cada, podendo chegar a 12 nos casos extravagantes.

sábado, 27 de agosto de 2011

"BBV" - O Bom do Bairro de Veleiros




E tem a Biblioteca Malba Tahan . Além de um acervo muito interessante, de tempos em tempos, acontece eventos sensacionais.

No dia 23 de agosto foi : "Viola, Fogueira e Rastapé". Quem não foi perdeu uma ótima tarde musical, com direito a pipoca e boa companhia . O Grupo, que conta com Jackson Ricarte (Jackson da Viola), Marcos Azevedo, Donisete Juvino e Mingo Jacob, brilhou com apresentação impecável . Tudo grátis. 


No dia 26 de agosto (sex) , 11h, será a Contação de Histórias , A Casa Sonolenta. Não perca!

Suely Aparecida Schraner
 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Antibiótico combate doença pulmonar



MARIANA PASTORE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estimativas da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) indicam que uma doença pulmonar pode se tornar a terceira causa de morte no país no fim desta década.
Hoje, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) já é a quinta maior causa e mata 33 mil brasileiros por ano, embora a maioria não conheça a doença, segundo o presidente da sociedade, Roberto Stirbulov. De 1990 a 2001, o número de casos teve um aumento de 371%.
Ela é caracterizada por dois problemas (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e se manifesta em quem se expõe a fatores ambientais nocivos ao pulmão, como fumo (85% dos casos) e exposição a fogão a lenha (15%).
"Com o tempo, o doente perde a capacidade de respirar normalmente, dificultando atividades simples, como tomar banho", diz Stirbulov.
O presidente da Associação Brasileira de Portadores de DPOC, Manoel Machado Jr., que fumou por 36 anos, teve de reaprender a falar e a respirar após o diagnóstico. "O ar não sai do pulmão."

A boa notícia é que está chegando no mercado brasileiro o primeiro medicamento específico para tratar a inflamação da DPOC. Produto de uma nova classe terapêutica, o roflumilaste, um inibidor seletivo da enzima fosfodiesterase 4 (PDE4), tem um mecanismo inédito de ação anti-inflamatória. Cerca de 10% dos que tomaram tiveram efeitos colaterais, como náusea, diarreia e dor de cabeça.
A caixa com 30 comprimidos custa até R$ 180.