Por: Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo -Caderno Cotidiano de 06.04.2011 |
Uma consulta médica não é um produto como a banana vendida na feira livre. Ali, a transação acaba quando o comprador paga e sai com o artigo debaixo do braço. Se o preço foi barato, ele fez um bom negócio; se foi caro, a vantagem é do comerciante. No caso da saúde, os planos até conseguem impor seus preços aos médicos, mas isso tem uma série de implicações não necessariamente vantajosas para as operadoras -muito menos para os pacientes. A mais óbvia é que os médicos reduzem a duração das consultas, com o objetivo de fazer mais atendimentos por dia e, assim, garantir seu fim de mês. Sem tempo para colher cuidadosamente a história do doente, os profissionais procuram precaver-se contra eventuais erros pedindo uma série de exames que poderiam ser evitados com uma anamnese bem-feita. Boa parte desses testes custa várias vezes mais do que o despendido na consulta. As operadoras já se deram conta desse efeito e, especialmente as que atuam no mercado de baixa renda, tentam limitar o número ou o tipo de exame que o médico pode pedir. Um paciente atendido nessas condições estaria melhor servido pelo SUS. Com o preço da consulta defasado, médicos com mais experiência e uma certa clientela tendem a deixar os planos, que acabam perdendo seus melhores profissionais. E isso não é bom para a eficiência do sistema. As operadoras, é claro, sabem fazer contas. E conhecem todos esses perigos de médio e longo prazo. A questão é que elas atuam com a lógica do aqui e agora, determinada pela concorrência e pelos resultados presentes. |
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Consulta não é um produto como banana vendida na feira
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